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A fabricante de aerogeradores dinamarquesa Vestas avalia um cenário no setor de muitas oportunidades ocasionadas pela transição energética em 2023 e nos próximos anos. Em entrevista à Agência CanalEnergia, o CEO da empresa, Eduardo Ricotta, vê uma aceleração no movimento nunca antes vista, impulsionada pela temática da segurança do abastecimento e a chegada de novas tecnologias, como a eólica offshore, em que o Brasil tem um elevado potencial e os energéticos verdes. “Eu vejo um desenvolvimento muito grande em todas essas áreas”, revela o executivo.

O ano de 2022 foi considerado por ele como de conquistas e desafios. Entre as conquistas, ele cita o maior contrato da Vestas na América Latina desde a sua existência, de 846 MW com a Engie. Já nos desafios, o êxito foi na mitigação nos impactos de supply chain. E ainda, a assinatura de acordo com o governo do Rio Grande do Norte para a ampliação do Centro de Serviços no estado também foi lembrada pelo executivo. A abertura do mercado livre de energia é bem vista por ele, por ser algo que vai beneficiar o consumidor. A maioria dos contratos de fornecimento de turbinas são para empreendimentos  destinados a esse ambiente de contratação.

A expectativa do executivo é que os preços na cadeia de eólica se estabilizem nos próximos anos, mas acredita que não voltarão aos patamares pré-aumento. Nos últimos anos, os preços nas renováveis sofreram um elevação em todo o mundo e quando se recuperavam, a Guerra na Ucrânia voltou a pressioná-los. Mesmo com a previsão positiva, a intensa internacionalização do setor pode levar a novas elevações em casos de eventos atípicos, como guerras.

Ricotta vê a eólica offshore com excelentes perspectivas. A fabricante estima que até 2025 o arcabouço regulatório da fonte já esteja concluído e os projetos possam ser desenvolvidos. Segundo ele, esse regramento é necessário para que o investidor tenha segurança para atuar. “Tem que ter arcabouço regulatório e de leis que dê segurança para quem vai investir. Isso vai levar um tempo eu acredito que de 2023 a 2025″, estima. A decisão de petroleiras em realizar aportes na fonte é considerada como positivo pelos investimentos traçados e pelo sinal a favor da descarbonização.

A abundância de recursos dessa modalidade no Brasil, espalhada em clusters no Nordeste, Sudeste e Sul, é elogiada pelo líder da Vestas no Brasil, que também salienta que haverá uma complementaridade entre as eólicas na terra e no mar. Mercados como o do Sudeste e Sul, que não tem tantos projetos tradicionais, poderão recebê-los em alto mar. Por ainda ter um grande potencial onshore, o Brasil estaria no tempo certo do deslanche da fonte. “Eu diria que estamos na velocidade correta, não está nem mais nem menos”, comenta.

Mas se as perspectiva de negócios se apresentam como positivas, a tributação ainda é um ponto de alerta, merecendo uma reflexão. De acordo com Ricotta, os créditos fiscais aparecem como o primeiro desafio a ser vencido. A não materialização dos valores acaba por virar um custo inesperado para os fabricantes. Ele ressalta que a situação é ruim inclusive para os estados que concedem os créditos, já que a demora no pagamento implica em correção monetária. “É um perde-perde, porque leva muito tempo para recuperar o dinheiro e poderia estar investindo em outras coisas e para o governo também, porque vai ter que pagar uma taxa de juros que não queremos, preferimos receber antes”, aponta.

Essas distorções fiscais e tributárias prejudicariam o país na intenção de ser hub global de energia verde. O desequilíbrio entre os incentivos para renováveis também estão no radar de Ricotta. Ele pede que todas as fontes tenham os mesmo incentivos, para que uma não se sobressaia a outra. O executivo questiona ainda se seria correto zerar os impostos de importação de uma turbina eólica. “Eu estou com fábrica com centro de serviço pagando todos os impostos, gerando uma riqueza enorme para o país. Aí chega um concorrente que traz equipamento de outro lugar, às vezes subsidiado, para criar emprego em outro lugar, gerar imposto de outro lugar e tira o trabalho e a renda do brasileiro”, dispara.

A criação de uma secretaria de transição energética no Ministério de Minas e Energia foi elogiada pelo CEO da Vestas. Para ele, essa divisão da pasta terá melhores condições de elaborar as políticas públicas e terá o respaldo do governo. A STE, como tem sido chamada, também beneficiaria o plano do país ser um polo de hidrogênio verde, por poder fomentar um modelo mais competitivo a ser adotado. “Colocar uma secretaria é um sinal muito positivo, porque tem um mandato específico ali para ajudar”, observa. O nome do secretário ainda não foi definido pelo MME.

Sobre o novo energético, a avaliação é que deve haver por parte do governo um olhar para o cenário internacional e pensar como a produção brasileira poderá ser competitiva no exterior, indo além da demanda doméstica, uma vez que o H2 verde só acontecerá de fato quando tiver escala. “Acho que deve haver essa visão para equilibrar a questão de incentivos e ajudar a indústria a ter volume”, pondera o CEO da Vestas.